quinta-feira, 4 de outubro de 2012

COMER LARANJAS


DEMITA-SE SENHOR PRIMEIRO-MINISTRO

Opinião - Nicolau Santos - Demita-se senhor primeiro-ministro



 Demita-se, senhor Primeiro-Ministro

Nicolau Santos, na sua habitual coluna do semanário Expresso, desnudava a alma, com estes termos:


Sr primeiro-ministro, depois das medidas que anunciou sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes…

Também eu, Senhor Primeiro-Ministro...
Só me apetece rugir!...
O que o Senhor fez, foi um Roubo!
Um Roubo descarado à classe média, no alto da sua impunidade política!
Por isso, um duplo roubo: pelo crime em si e pela indecorosa impunidade de que se revestiu. E, ainda pior: Vossa Excelência matou o País!
Invoca Sua Sumidade, que as medidas são suas, mas o déficite é do Sócrates!
Só os tolos caem na esparrela desse argumento.
O déficite já vem do tempo de Cavaco Silva, quando, como bom aluno que foi, nos anos 80, a mando dos donos da Europa, decidiu, a troco de 700 milhões de contos $ anuais,
acabar com as Pescas, a Agricultura e a Indústria.
Farisaicamente, Bruxelas pagava então, aos pescadores para não pescarem, e aos agricultores para não cultivarem.
O resultado, foi uma total dependência alimentar, uma decadência industrial e investimentos faraónicos no cimento e no alcatrão.
Bens não transaccionáveis, que significaram o êxodo rural para o litoral, corrupção a larvar e uma classe de novos muitíssimo-ricos.
Toda esta tragédia, que mergulhou um País numa espiral deficitária, acabou, fragorosamente, com Sócrates.

O déficite é de toda esta gente, que hoje vive gozando as delícias das suas malfeitorias.
E você é o herdeiro e o filho predilecto de todos estes que você, agora,hipocritamente, quer pôr no banco dos réus?
Mas o Senhor também é responsável por esta crise.
Tem as suas asas/orelhas crivadas pelo chumbo da sua própria espingarda.
Porque deitou abaixo o PEC4, de má memória, dando asas aos abutres financeiros para inflacionarem a dívida para valores insuportáveis e porque invocou como motivo para tal chumbo, o carácter excessivo dessas medidas.
Prometeu, entretanto, não subir os impostos.
Depois, já no poder, anunciou como excepcional, o corte no subsídio de Natal.
Agora, isto!
Ou seja, de mentira em mentira, até a este colossal embuste, que é o Orçamento Geral do Estado.
Diz Vossa Eminência que não tinha outra saída.
Ou seja, todas as soluções passam pelo ataque ao Trabalho e pela defesa do Capital Financeiro.
Outro embuste.

Já se sabia no que resultaram estas mesmas medidas na Grécia: no desemprego, na recessão e num déficite ainda maior.
Pois o Senhor, incauto e ignorante, não se importou de importar tão assassina cartilha.
Sem Economia, não há Finanças, deveria saber o Senhor.
Com ainda menos Economia (a recessão atingirá valores perto do 5% em 2012), com muito mais falências e com o desemprego a atingir o colossal valor de 20%, onde vai Sua Sabedoria buscar receitas para corrigir o déficite?
Com a banca descapitalizada (para onde foram os biliões do BPN?),como traçará linhas de crédito para as pequenas e médias empresas, responsáveis por 90% do desemprego?
O Senhor burlou-nos e espoliou-nos.
Teve a admirável coragem de sacar aos indefesos dos trabalhadores, com a esfarrapada desculpa de não ter outra hipótese.
E há tantas!
Dou-lhe um exemplo: o Metro do Porto.
Tem um prejuízo de 3.500 milhões de €, é todo à superfície e tem uma oferta 400 vezes!!! superior à procura.
Tudo alinhavado à medida de uns tantos autarcas, embandeirados por Valentim Loureiro.
Outro exemplo: as parcerias público-privadas, grande sugadouro das finanças públicas.
Outro exemplo: Dizem os estudos que, se V.Exa cortasse na mesma percentagem, os rendimentos das 10 maiores fortunas dePortugal, ficaríamos aliviadinhos de todo, desta canga deficitária.
Até porque foram elas, as grandes beneficiárias desta orgia grega que nos tramou.
Estaria horas, a desfiar exemplos e Você não gastou um minuto em pensar em deslocar-se a Bruxelas, para dilatar no tempo, as gravosas medidas que anunciou, para Salvar Portugal!
Diz Boaventura de Sousa Santos que o Senhor Primeiro-Ministro é um homem sem experiência, sem ideias e sem substrato académico para tais andanças.
Concordo!
Como não sabe, pretende ser um bom aluno dos mandantes da Europa, esperando deles, compreensão e consideração.
Genuína ingenuidade!
Com tudo isto, passou de bom aluno, para lacaio da senhora Merkel e do senhor Sarkhozy, quando precisávamos, não de um bom aluno, mas de um Mestre, de um Líder, com uma Ideia e um Projecto para Portugal.
O Senhor, ao desistir da Economia, desistiu de Portugal!
Foi o coveiro da nossa independência.
Hoje, é, apenas, o Gauleiter de Berlim.
Demita-se, senhor primeiro-ministro, antes que seja o Povo a demiti-lo.

PROCURAM-SE ESTES TERRORISTAS!


PERCEBA QUANDO ESTÁ CONDENADO



"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada".

Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand

ANGOLA-FOTOS MARAVILHOSAS



Vê e delicia-te/ Angola.


O  melhor lote de fotografias de Angola. Vale a pena passar 1 hora, no  mínimo, a desfrutar este site.

 Fotos de Angola
 Belas fotos de Luanda e resto do País. Se clicarem em cima da 1ª foto  aparece a informação da mesma, mas se olharem bem o site na parte  esquerda e direita em baixo tem indicações precisas para se ver com  qualidade. BOA VIAGEM

 http://www.flickr.com/groups/93916151@N00/pool/show/with/2190547630/

OS ADIANTADOS MENTAIS


Os "adiantados mentais"


O principal problema deste governo, e principalmente do PSD, é que está repleto de "adiantados mentais". Os "adiantados mentais", ao contrário dos "atrasados mentais", são pessoas que estão muito à frente do seu povo, em inteligência, cultura e saber. Os "adiantados mentais" são seres que estão num patamar superior, num pedestral de sapiência e lucidez a que obviamente os outros portugueses, por mais que se esforçem, não conseguem chegar. E, naturalmente, os "adiantados mentais" sofrem horrores por terem de partilhar a vida com os outros, que consideram uma casta inferior sem ponta por onde se lhe pegue.

Devido a esta alergia à casta dos inferiores, os "adiantados mentais" não conseguem manter dentro de si as suas ideias. Volta meia volta, lá abrem as comportas da alma e soltam as ideias que, por pura boa educação ou cortesia, tinham reprimido durante tanto tempo.

Veja-se por exemplo, António Borges. É claramente um "adiantado mental", um ser de raça superior, pertencente a uma casta de génios que, sendo tão rara, devia ser conservada em formol. Para ele, os empresários não passam de uns "ignorantes"! Por ele, "chumbava-os"! Evidentemente, sendo um "adiantado mental" tão brilhante, Borges despreza todos os "atrasados mentais" que tiveram o descaramento de ser contra as suas grandiosas e fulgurantes ideias.

Mas, há mais exemplos neste governo. Por exemplo, o ministro Macedo, que mesmo não parecendo no fundo também é um "adiantado mental", revelou a semana passada o seu desprezo pelas "cigarras", uma forma enfabulada de chamar "preguiçosos" a muitos portugueses. E que dizer do senhor primeiro-ministro, Passos Coelho? Embora com aquele seu ar calmo não lembre um "adiantado mental", lá no fundo da sua alma existe um cérebro que pensa mais rápido que todos nós, os "piegas", os que "devem aproveitar o desemprego para mudar de vida", ou os que devem "encarar a emigração como uma oportunidade".

Eis um "adiantado mental" em todo o seu esplendor, a falar com o povo com um paternalismo de mestre-escola, ao mesmo tempo dando lições de moral e iluminando possíveis saídas para o futuro. É evidente que os "adiantados mentais" adoram promover a emigração, assim o país teria menos "atrasados mentais" que os incomodassem.

O problema dos "adiantados mentais" é que são cada vez menos. Sem que eles compreendessem porquê, o número de "adiantados mentais" desceu vertiginosamente nas últimas semanas, enquanto cresceu exponencialmente o número dos "atrasados mentais". Dia após dia, o país embrutecia à frente dos cada vez mais raros génios incompreendidos que não se calavam. Neste momento em que escrevo, é aliás quase certo que o número de "adiantados mentais" está reduzido a sete ou oito pessoas do PSD, que por junto cabiam num bote. Passos, Borges, Braga de Macedo, Gaspar, Moedas, Santos Pereira, Relvas e pouco mais, é o que resta da espécie em vias de extinção acelerada dos "adiantados mentais".

Consta que a polícia os tem de proteger, e está em "Alerta Amarelo" porque a casta dos "atrasados mentais" anda de cabeça perdida, a babar-se em arremessos de raiva, e há receio que os "adiantados mentais" sejam molestados...Talvez fosse melhor que os "adiantados mentais" emigrassem, assim por uns tempos, para ver se as coisas acalmam. Talvez encontrem, numa qualquer ilha semi-deserta do Pacífico, um grupo de "adiantados mentais" semelhante, e com eles possam ficar a discutir teorias económicas e o sentido da vida.

Era certamente melhor para o PSD. É que, se estes "adiantados mentais" duram muito tempo à frente dos destinos do partido, é bem possível que o PSD se torne, todo ele, um partido "adiantado mental", e se veja de repente brutalmente rejeitado pelos cada vez mais numerosos "atrasados mentais" que saltitam por esse Portugal fora. É sempre isso que acontece às elites vanguardistas de "adiantados mentais": um belo dia acordam e, sem saberem bem porquê, são atiradas pela borda fora...

   (IN DIÁRIO DE DOMINGOS AMARAL, 2-10-12)


http://domingosamaral.com/39091.html

HUMOR EM TEMPO DE CRISE

A DÍVIDA

É assim...
Numa pequena cidade da costa, cai uma chuva torrencial há vários dias. A cidade parece deserta.
Todos têm dívidas e vivem à base de créditos.
Por sorte, chega um russo e entra num pequeno hotel. Pede um quarto. Põe uma nota de 500 euros na mesa do recepcionista e sobe para ver os quartos.
O chefe do hotel agarra na nota e sai a correr para pagar as suas dívidas no talho.
O dono do talho vai com a nota e paga ao criador de porcos, que por seu turno sai apressadamente para pagar ao veterinário.
O Veterinário então corre para pagar a suas dívidas à prostituta, já faz tempo que não lhe pagava...
A prostituta com a sua nota, entra no pequeno hotel, para onde tinha trazido os seus clientes das últimas vezes, porque ainda não tinha pago e coloca-a na mesa do recepcionista.
Neste momento o russo, que acaba de ver os quartos, desce e diz que não gosta de nenhum. Recolhe a nota e vai-se embora da cidade.
Ninguém ganhou 1 euro, mas agora, toda a cidade Vive sem Dívidas e Vê o Futuro com Confiança!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

MAIS DESEMPREGADOS, MAIS DESOBEDIENTES


Mais Desempregados, Mais Desobedientes
A pobreza, como afirmou Amartya Sen, não é só o estado em que uma pessoa não consegue ingerir os nutrientes necessários para ter uma vida saudável. É também o estado em que um individuo não consegue participar em actividades sociais nem ser livre de vergonha pública por não conseguir satisfazer as convenções sociais prevalecentes no meio em que se insere – tornaram-se comuns as referências à pobreza “escondida” ou “envergonhada” de quem tudo tenta para manter a ilusão externa de bem-estar material. A dignidade é a última coisa que muitos rendem. A visão emergente da pobreza afirma que a condição do pobre não se limita ao seu nível de rendimento – a condição de pobreza é igualmente afectada pela relação entre o individuo e o meio em que se insere. A exclusão social surge portanto como um factor preponderante na condição dos pobres. Um individuo pobre é aquele que não se consegue integrar nas actividades que estão no centro da vida social da mesma maneira que os outros. Um individuo pobre é aquele que não consegue exercer a plenitude dos seus direitos. Resta-nos portanto identificar os mecanismos que aumentam e perpetuam a pobreza, e as actividades à volta das quais orbita a vida social.

Os governos que se têm sucedido em Portugal têm consistentemente demonstrado pouca vontade e ainda menos capacidade de distribuir a riqueza e de permitir a ascensão social aos membros mais pobres da sociedade. E é esta incapacidade que condena uma secção considerável da população à exclusão social e subsequentemente para a desobediência civil, no mínimo, e por vezes ao crime, ao desespero e até ao suicídio. As estatísticas demonstram claramente que com a subida do desemprego, multiplicam-se os pequenos actos de revolta de quem se recusa a passar fome ou viver em prisão domiciliária apenas porque alguém decretou que são excedentes humanos – vulgo, desempregados. Por exemplo, nos primeiros seis meses de 2012 registou-se o dobro de passageiros a viajar sem bilhete em comparação com o mesmo período em 2011. Já a Carris, a STCP, o Metro de Lisboa e do Porto estimam que 42 mil passageiros viajam sem bilhete todos os dias. Face ao flagelo que é a falta de mobilidade dos desempregados e dos mais pobres em Portugal, o Governo e as entidades que gerem os transportes reagem com subidas de preços para extorquir ainda mais de quem pode pagar (e forçando muitos outros a deixar de poder), junto com maior fiscalização, sendo esta última medida igualmente uma razão para a subida do número de multas penalizando quem viaja sem pagar. Porém, devemos pôr estes números em contexto. A mobilidade está no centro da vida social. Com que moral é que um governo pede às pessoas que se tornem prisioneiros domiciliários porque este é incompetente demais para assegurar a mobilidade dos cidadãos, quer através da criação de emprego (para que possam pagar o preço cada vez mais exorbitante dos transportes mal-geridos) quer através da criação duma rede de transportes pública, competente e ao serviço da população? A capacidade de se deslocar para procurar emprego, para visitar familiares, entes queridos e amigos é central. É um direito. Direito esse que a subida do desemprego retira a uma secção cada vez maior da população. Este estado só cultiva a espiral de exclusão e desespero.
Mas a falta de mobilidade não é o único factor que limita os direitos dos desempregados. A fome em Portugal está igualmente a crescer exponencialmente. O consumo de proteínas está a cair drasticamente, e o número de pessoas que é obrigado a recorrer a instituições de caridade para se poder alimentar está igualmente a subir de maneira vertiginosa. O roubo de alimentos em supermercados disparou desde 2011. Sobem igualmente os casos de utentes de serviços hospitalares que não pagam as taxas moderadoras. Espera-se das pessoas não só que fiquem fechadas em casa, mas também que se alimentem de raios solares. Concluí-se que os governos neoliberais gostariam que os desempregados fossem plantas de vaso, daquelas que se guardam na varanda de casa. Mas as pessoas resistem.

Hoje, quando se fala em desobediência civil, conjuram-se imagens de manifestantes sentados no chão, recusando sair do caminho da polícia. Mas é isto tudo o que a desobediência civil pode ser ou até já foi? Thoreau, “pai” da desobediência civil, recusou-se a pagar impostos que alimentavam guerras injustas e foi para a prisão por isso. Ghandi usou-a na Marcha do Sal para dar um golpe pela independência económica dos trabalhadores indianos de impostos ingleses sobre o sal. E precisa esta desobediência de ser anunciada publicamente para ser resistência? Como enquadraríamos então as famílias alemães que esconderam judeus durante a Segunda Guerra Mundial? É menos desobediência civil porque foi feita em segredo? Podemos então concluir que a desobediência civil tanto pode ser económica e financeira como pode ser feita em segredo sem por isso perder o seu valor enquanto acto político que desgasta um sistema injusto.

O contra-argumento previsível é que estas pessoas não estão realmente a agir por necessidade mas sim por capricho. Isso é ignorar o sistema em que vivemos. A destruição das condições de vida da população não é por acidente mas por design. Qualquer acto da população que procure resistir e manter algum tipo de dignidade é portanto necessariamente político, mesmo que desenquadrado duma campanha maior e direccionada de desobediência civil.

A subida de incidências de roubo de comida e evasão de pagamento nos transportes são somente dois exemplos de como a subida do desemprego e da pobreza em Portugal estão a resultar numa subida de casos de desobediência civil a que cada vez mais cidadãos são obrigados recorrer para poderem sobreviver. A pergunta portanto é, a que ponto é que recorrer a actos de desobediência civil não é cada vez mais necessário para uma secção da população cada vez mais condenada à pobreza e à exclusão social? E até que ponto é que a subida do número de actos de desobediência civil não é de facto o resultado directo e inevitável das políticas de empobrecimento e desemprego do Governo? De qualquer das formas, um facto é inegável – o direito da população portuguesa a uma vida digna está cada vez mais a ser posto em causa e uma parte cada vez maior da sociedade encontra-se condenada à exclusão social e à pobreza.

Próximo plenário do MSE
 Data: Quinta, 4 de Outubro de 2012, às 18:30
 Evento no Facebook: http://www.facebook.com/events/100940846731551/
 Local: Parque Polivalente de Santa Catarina - Calçada da Combro nº82A (Lisboa)
 No google maps: https://maps.google.com/?ll=38.710944,-9.14828&spn=0.00166,0.002411&t=m&layer=c&cbll=38.711053,-9.14817&panoid=hXrdfrI6gz1bv3AtXNMVwA&cbp=12,20.4,,1,2.24&z=19


Campanha de financiamento do MSE

Porque somos independentes de qualquer estrutura sindical ou partidária e vivemos sobretudo do dinheiro que conseguimos reunir nos plenários, escolhemos o auto-financiamento como forma de angariação de fundos, que usaremos para as actividades do MSE, nomeadamente na produção de panfletos que ajudem à divulgação dos plenários e acções de luta que se venham a desenvolver.
 Por isso mesmo abrimos uma conta, da qual prestaremos contas a cada três meses, para a mailing list do MSE. Lá constará todas as entradas, oriundas dos plenários e de eventuais doações, bem como o destino das verbas recolhidas.
 Assim, convidamos todas as pessoas, na proporção das suas possibilidades, a ajudar a financiar o MSE.
 NIB: 0035 0817 0000 3990 5004 2
 Cada euro será aplicado na luta contra o desemprego!


Assina o nosso Manifesto em
http://www.movimentosememprego.info/content/manifesto-do-movimento-sem-emprego

Unidos pelo Direito ao Trabalho e à Dignidade!

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terça-feira, 2 de outubro de 2012

VEJA O QUE OS NOSSOS DEPUTADOS COMEM NO RESTAURANTE DE LUXO DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA


NO PRÓXIMO 5 DE OUTUBRO VAMOS CERCAR A ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA



É chegada a hora ......................... vamos todos os que pudermos, não nos podem prender a todos !!!!

ESTES GOVERNOS NUNCA NOS RESPEITARÃO




A ÚNICA LINGUAGEM QUE ENTENDEM É A DA VIOLÊNCIA

Já todos percebemos que estes governos (Portugal, Espanha e Grécia) não vão voltar atrás na intenção de empobrecer os respectivos povos. Os métodos para reduzir o défice são comuns: fazer com que seja o povo a pagar os erros de gestão de uma classe política ignorante e corrupta, que seja o povo a suportar a dívida da especulação financeira.

Ao contrário da China, cujas empresas produzem bens transacionáveis, as  economias da Europa e dos Estados Unidos especializaram-se no crescimento a partir do vazio da especulação. Os especuladores perceberam que era possível, sem esforço e rapidamente, criar riqueza a partir de nada.  Riqueza para os especuladores e pobreza para a economia real. A destruição da economia por esta elite é por demais evidente quando assistimos ao crescimento galopante do desemprego, às falências, aos cortes na saúde, na educação, quando assistimos à emigração de quadros especializados, quando somos obrigados a sobreviver com salários cada vez mais baixos, quando nos esmagam com impostos. A riqueza espuculativa não existe, é uma miragem. Uma tortuosa engenharia que desaparece com um arrufo.

Aquilo que existe, de facto, é a alface, é o par de sapatos!

Por isso é que devemos recusar pagar uma dívida que não contraímos! O povo limitou-se a viver, melhor ou pior, com os ordenados que lhe pagavam. A consumir, para bem da economia capitalista. Nada mais!

Não comprámos submarinos, não fizémos acordos com as PPP, não roubámos o dinheiro do BPN, não auferimos ordenados de gestores públicos, não desinvestimos nas pescas, na agricultura, na indústria, não comprámos carros topo de gama para ministros e acólitos.

Sabemos todos, quem, ao longo destes 38 anos, destruíu o país. E sabem eles, os políticos.

Só que a ignoram com toda a arrogância de democratas. As democracias também servem para isto!

Bem podemos fazer greves, manifestações pacíficas, que nada os afastará dos seus objectivos: Reduzir o défice à nossa custa, à custa de quem não é culpado,a não ser porque votámos neles.

 Manifestações como as de sábado passado (25 de Setembro), com horário de começo e de encerramento, sem imaginação, sem improvisos, sem irreverências, sem uma bofetada, servem para criar em nós a sensação de dever cumprido. E os políticos também sabem disso.

Limitamo-nos a descarregar a raiva, chamando uns quantos nomes feios ao árbitro, sem que o resultado do jogo, por mais injusto que seja, não se altere.

Por isso é que as manifestações de Espanha e Grécia devem continuar a ser um exemplo para nós! Estes políticos só entenderão a linguagem da sublevação.

Irei mais longe: só com a revolta de todos os povos da Europa poderemos sair deste beco em que a ganância de alguns, com a conivência de outros, nos meteu.

AOC

A CHINA E A MORTE DO EURO E DO DÓLAR

Morte anunciada do dólar e do euro?


China pretende lançar nova moeda internacional

A notícia provém da Índia (na parte ocidental tentarão esconde-la até ao limite) num artigo da IndiaVision News, de 30 de Agosto de 2012, com o título sugestivo: «China lança moeda mundial apoiada em ouro - agora os americanos terão de encontrar uma razão para lançar uma guerra contra a China!».

Trata-se da morte anunciada tanto do dólar como do euro.

O artigo indica que a China está a reestruturar toda a sua reserva de ouro em barras de 1kg para constituir a base de uma nova moeda para o comércio mundial.
Se isso se concretizar, será a morte do dólar como moeda internacional privilegiada e do Euro. Afinal, têm tanto valor como notas do Monopólio (só valem enquanto aceitarmos jogar com elas).
Já na sua última Cimeira na África do Sul, o grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) e os seus aliados haviam decidido utilizar uma moeda, que não o dólar, para trocas comerciais entre si.
Agora a China pretende dar mais um passo (decisivo) para retirar ao dólar o privilégio de ser a moeda para trocas comerciais internacionais.
Todos irão preferir utilizar uma moeda valorizada por ouro, do que uma moeda (dólar/euro) sem valor real.
O dólar e o Euro valerão/circularão apenas nos Estados Unidos e União Europeia. Ninguém mais os vai querer.
Será o fim do sistema monetário actual baseado em crédito (dívida) para um novo sistema equitativo que já está pronto/preparado para o substituir.

Esta jogada (introdução de nova moeda escudada em ouro), já foi tentada antes, mas os americanos, percebendo que isso significaria o fim da sua «preciosa moeda» a curto prazo, arranjaram
pretexto para atacar/destruir esse(s) país(es) e, para servir de exemplo a outros com a mesma
ideia, assassinar o provocador - estou a referir-me a Saddam Hussein, do Iraque, e Muammar Gaddafi, da Líbia.
Esta será a razão do título sarcástico do artigo.
Se os Estados Unidos provocarem a China, irão atacá-la?
Bem, agora não se trata só da China mas de todo um novo grupo económico de que a China faz
parte. Este grupo económico já abrange bem mais de 50% do planeta.
Os «maus» estão cada vez mais isolados e são apenas um pequeno grupo de países (Estados Unidos,
Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha).
A China não fez antes esta jogada por ser detentora de muitos biliões de dólares e não lhe interessava
que os dólares perdessem valor.
Não é novidade o intenso/maciço investimento que a China tem feito por todo o mundo nos
últimos tempos.
Assim, o que a China tem feito é livrar-se dos dólares, trocá-los por coisas reais, palpáveis e com
valor como empresas, infra-estruturas, terrenos, minério, etc.
Entretanto, os Estados Unidos e a União Europeia, procurando obter maiores lucros, mesmo que isso implicasse um incremento do desemprego nos seus países, deslocaram as suas indústrias para a China, estando agora também descapitalizados do seu sistema industrial de outrora e dependentes industrialmente da China.
Isto é, os Estados Unidos e a União Europeia estão em recessão, sem dinheiro, atolados em
dívidas, sem indústria e, os políticos, cuja política nos trouxe até aqui, falam em recuperação...
Só mesmo um político pode ter essa «cara de pau».

O actual sistema monetário está morto, a sua vitalidade é aparente e mantida artificialmente. É
apenas uma questão de tempo até ser passada a certidão de óbito.
Não sei quando, como ou quanto tempo demorará a substituição do velho para o novo sistema.
Possivelmente, um fim-de-semana não será o suficiente e poderá acontecer «férias bancárias» (1
semana?) para o novo sistema ser iniciado/introduzido globalmente.
Com este passo, a China irá acelerar a introdução do novo sistema.
(Semanário Angolense de 29 de Setembro de 2012)

150 FILHOS - COM A NATALIDADE EM QUEDA EM PORTUGAL ESTE HOMEM FAZ CÁ FALTA


http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1681739-15605,00.html

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A IGNORÂNCIA DE ANTÓNIO BORGES E A CREDIBILIDADE DO GOVERNO

António Borges é um ignorante arrogante formado na escola da Goldman Sachs e do FMI

Eugénio Rosa – Economista – Este e outros estudos disponíveis em www.eugeniorosa.com

ANTÓNIO BORGES MENTIU DESCARADAMENTE QUANDO AFIRMOU QUE AS DESPESAS COM PESSOAL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REPRESENTAM 80% DAS DESPESAS TOTAIS

Um dos aspetos que carateriza o comportamento dos grandes órgãos da comunicação social em Portugal, e mesmo de certos jornalistas, é o de promoverem personalidades de direita em grandes autoridades sobre certas matérias para que depois as suas opiniões sejam aceites, pela opinião pública, como verdades indiscutíveis. É um processo clássico de manipulação da opinião pública, que Philippe Breton, professor na Universidade de Paris-Sorbonne, no seu livro “A Palavra Manipulada” designa por “argumento de autoridade” Segundo este investigador, “este argumento baseia-se na confiança depositada numa autoridade em nome do principio de que não podemos verificar por nós próprios tudo quantos nos é apresentado” (2001:pág. 94).

Tudo isto vem a propósito de Antonio Borges, conselheiro do governo para as privatizações, bem pago com dinheiro dos contribuintes, que é simultaneamente também administrador da Jerónimo Martins. A comunicação social afeta ao governo tem procurado fazer passar este “senhor”, junto da opinião pública, como um grande professor de economia e um experiente gestor (formado na escola da Goldman Sachs e do FMI). Por isso interessa analisar, até pela importância que ele tem junto deste governo, a credibilidade técnica e cientifica das afirmações deste “senhor”, nomeadamente as feitas no dia 29.9.2012; portanto, não é o aspeto se são ou não convenientes.
 
(O HOMEM ESTÁ DOENTE. FELIZMENTE!)

No I Fórum Empresarial do Algarve, em que participou, António Borges declarou à comunicação social que “a medida [Taxa Social Única (TSU)] é extremamente inteligente, acho que é. Os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na universidade” e, a propósito de baixar os salários nominais, que “as despesas com trabalhadores na Administração Pública representavam 80% das despesas Totais” (RTP, 29.9.2012).

A primeira afirmação (ofender os patrões) provocou grande alarido na comunicação social, mas a segunda (ofender os trabalhadores) não causou qualquer reação, apesar de ser mentira e ser repetida pelo patrão da Jerónimo Martins no dia seguinte nas declarações que fez no Telejornal das 13H da RTP, passando como verdadeiras e alimentando a campanha contra os trabalhadores da Função Pública.

Por isso, iremos começar por elas. ANTÓNIO BORGES É UM IGNORANTE E MENTIU DESCARADAMENTE QUANDO AFIRMOU QUE A DESPESA COM PESSOAL NA ADMINISTRAÇÃO PUBLICA ERA 80% DA DESPESA TOTAL


As despesas com Pessoal nas Administrações Públicas (Central, Local e Regional) representam, em 2012, 21,3% das Despesas Totais das Administrações Públicas em Portugal, segundo dados do próprio Ministério das Finanças, e não 80% como afirmou António Borges, Em relação ao Estado, ou seja, a Administração Central, as despesas com Pessoal representam, em 2012, apenas 18,8% da Despesa Total. Se a analise for feita às “Remunerações certas e permanentes” conclui-se que, em 2012, as remunerações na Administração Central (Estado) representam apenas 14,5% das despesas totais do Estado. António Borges ao afirmar que elas representavam 80% revela ignorância total, e mostra que não conhece nem estuda minimamente os assuntos de que fala, estando mais interessado em utilizar a mentira na campanha contra os trabalhadores da Administração Pública com o objetivo de justificar os ataques do governo ao seus direitos e às suas condições de vida. São personalidades deste tipo, com este estofo técnico e ético, que certa comunicação social e certos jornalistas promovem a grandes autoridades. António Borges é um ignorante arrogante formado na escola da Goldman Sachs e do FMI 


Se António Borges estudasse minimamente os assuntos de que fala, concluiria também que a
diminuição da TSU (Taxa Social Única) paga pelas empresas para a Segurança Social não era
uma medida inteligente, pois não teria quaisquer efeitos na competitividade das empresas,

determinando apenas a transferência direta de 2.200 milhões € dos bolsos dos trabalhadores para
os bolsos dos patrões, reduzindo a procura agregada, o que agravaria a situação económica e
financeira de centenas de milhares de empresas que vivem do mercado interno. E para concluir
isso bastaria que analisasse a estrutura de custos das empresas portuguesas.

Se António Borges conhecesse a estrutura de custos das empresas não financeiras portuguesas
saberia que uma redução de 5,75 pontos percentuais na taxa de contribuições patronais para a
Segurança Social (passar de 23,75% para 18%) provocaria uma redução de apenas 1,1% nos
custos totais das empresas portuguesas. Mesmo entrando com efeitos indiretos, a redução situarse,
para as empresas exportadoras, entre 1,5% e 2,4% (depende do setor), segundo cálculos que
fizemos utilizando os dados de um estudo divulgado pelo próprio governo em 2011. É evidente
para todos os leitores, que não seria com tal medida que se aumentaria a competitividade das
empresas portuguesas. E isto porque, por um lado, tal redução de custos é irrisória e ridícula e,
por outro lado, é facilmente anulada com qualquer variação positiva (apreciação) da taxa de
câmbio do euro. Por ex., entre 30 de Agosto e 12 de Setembro de 2012, o euro valorizou-se em
2,3% em relação ao dólar, o que seria mais que suficiente para anular aquela redução de custos.
A única justificação que encontramos para as afirmações de António Borges ao chamar
ignorantes os empresários que se opuseram à baixa da TSU das empresas à custa do aumento
dos descontos pagos pelos trabalhadores, é que eles poderiam meter no bolso assim, com a ajuda
do próprio governo, 2.200 milhões € aumentando os seus lucros, e não quiseram. No entanto,
António Borges, se tivesse alguns conhecimentos consistentes de economia portuguesa
certamente saberia que mais uma redução da procura interna, quando a maioria das empresas já
não conseguem vender o pouco que produzem, teria consequências dramáticas no tecido
empresarial português, lançando muitos milhares de empresas na falência e fazendo aumentar
ainda mais o desemprego, o que determinaria uma maior contração do mercado interno. Mas esta
“economista”, formado na escola da Goldman Sachs e do FMI, transformado por certa
comunicação social em “guru”, parece não conhecer este principio elementar da economia.
 
(UM DIA, ESTA ARROGÂNCIA MATA-O!)

Utilizando as próprias palavras de Antonio Borges, podia-se dizer com propriedade que seria o
próprio António Borges que “não passaria no 1º ano de um curso de economia da universidade”.
No entanto, as afirmações de António Borges tem o mérito, como consequência da sua
ingenuidade, de expressar publicamente, tornando assim claros para a opinião pública, os
objetivos e credibilidade técnica deste governo e desta maioria PSD/CDS.


Eugénio Rosa
Economista, edr2@netcabo.pt , 30 de Setembro de 2012

A CURVA DE LAFFER - A ECONOMIA PORTUGUESA NÃO AGUENTA MAIS IMPOSTOS



A curva de Laffer
 26.09.2012

Crónica

Por Ricardo Reis
Professor de Economia na Universidade Columbia, Nova Iorque, EUA
 



Em 1974, Arthur Laffer terá desenhado num guardanapo de papel uma curva que se tornou um dos pilares da ideologia económica de direita nos anos 1980 (na imagem). A maioria dos economistas ridicularizou, na altura, as políticas que assentavam nesta curva. Mas hoje, esta ideia contém um aviso poderoso para as finanças públicas portuguesas.


No desenho de Laffer, no eixo horizontal está a taxa de imposto e no eixo vertical as receitas cobradas. Inicialmente, subir a taxa de imposto traduz-se em mais receita. A curva sobe, mas cada 1% de aumento de imposto leva a um aumento da receita inferior a 1%. Quando os impostos sobem, a atividade económica contrai-se por várias razões. O trabalhador liberal vai estar menos inclinado a trabalhar uma hora a mais se sabe que o rendimento adicional depois de impostos é menor.

O jovem à procura de primeiro emprego vai ter menos pressa e empenho na busca se sabe que o espera um salário líquido mais pequeno. As empresas vão pensar duas vezes antes de investir num projeto novo com um retorno que não compense os impostos mais altos. Os consumidores vão comprar menos bens se o IVA torna os produtos mais caros. E, muito relevante em países como Portugal, quando as taxas de imposto sobem, aumenta a evasão fiscal.

Quanto mais os impostos sobem, maiores são estes efeitos. A partir de determinada altura, a redução na atividade económica com a subida dos impostos é tão grande que chegamos ao pico da curva de Laffer: a receita máxima que o Estado consegue cobrar. À direita deste ponto, aumentos de impostos contraem tanto a economia que a receita cai.

Quase todos os economistas concordam com esta descrição de uma relação entre as taxas de impostos e a receita fiscal. A curva de Laffer, em si, é consensual. O que foi muito controverso foi afirmar que os EUA no final dos anos 70 estavam à direita do pico da curva de Laffer. Convencido, Ronald Reagan cortou os impostos em 1981, esperando com isso aumentar a receita fiscal e cortar o défice. Mas qualquer investigador imparcial que olhasse para os dados concluiria que os EUA estavam muito à esquerda do pico. Como previram, o corte de impostos baixou as receitas e levou a um défice ainda maior.

Avançando 30 anos, vejam o que se passou na Grécia nos últimos dois anos e meio. O governo grego subiu quase todos os impostos. A receita praticamente não mexeu. Não só a economia grega se contraiu, como o Estado grego se viu incapaz de cobrar impostos aos cidadãos, que fugiram ao fisco em massa.

Os números da execução orçamental em Portugal nos últimos 12 meses têm sido sempre desapontantes. Subiram as taxas de imposto sobre o consumo, os rendimentos foram taxados de várias formas e os funcionários públicos viram parte dos seus salários confiscados. No entanto, a receita fiscal só aumentou modestamente. Portugal provavelmente não está à direita do pico da curva de Laffer. Mas está de certeza muito perto deste pico. A economia portuguesa simplesmente não aguenta mais impostos.



In Dinheiro Vivo
Ricardo Reis, Professor de Economia na Universidade de Columbia, Nova Iorque
escreve ao sábado em www.dinheirovivo.pt

UM CANHÃO PELO CÚ

Leiam e indignem-se se ainda não estão totalmente anestesiados!

Assunto: o texto que está a incendiar Espanha...e que não entendo porque não provoca o mesmo efeito em Portugal...e no Mundo O seguinte texto foi publicado recentemente no El País, tendo-se tornado absolutamente viral em Espanha. Reflecte sobre o terrorismo financeiro e a captura económica. Chama as coisas pelos seus nomes e faz uma análise sobre o capitalismo actual que está a incendiar não só Espanha como todo o mundo. O título é "Um canhão pelo cú", e é escrito por Juan José Millas.

Um canhão pelo cú

Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
 
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
 
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
 
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
 
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
 
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres. E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
 
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
 
A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
 
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos. Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
 
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado. Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.
 
  Juan José Millas